O presidente da ALMG, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), abriu, nesta quinta-feira (14-03-24) o Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais – Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema, na Assembleia Legislativa. Durante o evento, que reuniu acadêmicos e autoridades, Tadeuzinho afirmou que as mudanças no clima têm afetado seriamente a saúde pública, a habitação e a segurança hídrica da população, assim como a capacidade de produção de alimentos, prejudicando, sobretudo, as populações mais vulneráveis.
Por esse motivo, o presidente da Assembleia defendeu a união de esforços e o diálogo para encontrar soluções para o problema. “Todos precisam repensar suas responsabilidades. Precisamos buscar ações estruturantes e coletivas, tanto governamentais quanto comunitárias”, afirmou Tadeuzinho.
A Assembleia também está fazendo uma parceria com o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, oBH-TEC, para identificar, selecionar e fomentar projetos de startups que apresentem soluções para prever, evitar ou minimizar as causas ou os efeitos das mudanças climáticas no território mineiro.
O seminário da crise climática busca a união de esforços para lidar com a questão. O evento reúne mais de 60 instituições, como universidades, órgãos públicos e entidades, para iniciar a discussão que também chegará ao interior do Estado. A ideia do Parlamento é fomentar projetos de inovação para Minas e definir uma agenda de trabalho legislativo sobre o tema.
Ao final dos trabalhos, a ALMG irá receber um relatório contendo diretrizes e sugestões para nortear a elaboração de uma agenda para a atuação do Legislativo, possibilitando a revisão das normas vigentes e a elaboração de novas leis sobre o assunto.
Os deputados Tito Torres (PSD), Doutor Jean Freire (PT) e Alencar da Silveira Jr. (PDT) e as deputadas Leninha (PT) e Beatriz Cerqueria (PT), ressaltaram o protagonismo que a ALMG assume ao promover o seminário técnico, no enfrentamento de um problema que já se faz presente no dia a dia dos mineiros. Também reforçaram a necessidade de uma pauta legislativa propositiva, em defesa do meio ambiente.
A pós-doutora em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do curso de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Michelle Simões Reboita, alertou que, em cerca de 70 anos, a temperatura pode aumentar em até seis graus em Minas Gerais. Esse aquecimento afetaria cultivos importantes, como o de café, azeitonas e árvores frutíferas, com a redução significativa de áreas aptas para a plantação.
Ela explicou que o planeta está cada vez mais quente desde a Revolução Industrial. Em 2023, houve recorde de altas temperaturas em Minas e no Brasil. Se comparada com a série de 1850 a 1900, a temperatura subiu 2 graus. “A média não deve ultrapassar 1,5 grau, o que causa degelo de regiões polares”, explicou a pesquisadora.
Ainda segundo a professora, das 20 cidades mais quentes do País em 2023, 19 estão em Minas Gerais. No último dia 19 de novembro, Araçuaí (Jequitinhonha/Mucuri) registrou a maior temperatura do Brasil, de 44,8 graus.
Os primeiros meses de 2024 já registram temperaturas maiores que as do mesmo período de 2023.
Michelle Simões prevê que 2024 trará um novo recorde. Como causa, ela destacou a concentração de gases do efeito estufa, intensificada pelas atividades humanas, que traz distúrbios no clima, como chuvas e secas extremas. Os impactos desses fenômenos não são distribuídos de forma homogênea, e quem sofre mais as consequências em questões como saúde, moradia e segurança é a população menos favorecida.
A pesquisadora defendeu que a ciência seja utilizada para entender os fenômenos e fazer projeções para o futuro e que tecnologias sejam desenvolvidas para a redução da emissão de gases, de forma a amparar governantes na implementação de medidas de adaptação e mitigação dos impactos.